sábado, 6 de março de 2010

Groupama 3 – Depois do Horn o Atlântico


[Fonte: Troféu Júlio Verne] Com o Cabo Horn à ré, o Groupama 3 já está a atravessar condições atmosféricas muito diferentes: o vento de popa deu lugar a vento de frente, mas o trimaran gigante está a tentar manter a sua liderança. No entanto, Franck Cammas e os seus homens sabem muito bem que a linha de chegada ainda está a 6.800 milhas de distância, Ushant…

O Groupama 3 rodou o Cabo Horn a uma grande distância ao largo, na última noite pelas 18:30 UTC, Quinta-feira, 4 de Março. Contudo, uma hora mais tarde, a brisa rodou para NE, o que inspirou Franck Cammas e a sua tripulação a mudarem de bordo e seguir a longitude da pedra mais a sul da América, antes de voltar ao rumo para Ushant e portanto, direitos ao Cabo Horn. A tripulação, foi então capaz de imortalizar este ponto alto da sua volta ao mundo com uma sessão de fotografias à medida que o sol descia no horizonte…

“A noite passada as coisas estavam muito leves à medida que nos aproximávamos do Cabo Horn, o que é bastante raro nesta parte do mundo! Nós até nos aproximámos para a rodar três vezes… No fim encontra-mo-nos mesmo ao pé da pedra, o que foi soberbo. Desde então, tem-nos sido possível meter o acelerador a fundo outra vez, num mar liso impecável. Além disso o vento voltou a rodar para NW, pelo que conseguimos andar num rumo mais favorável. Os três novos Cabo Horners (Bruno, Steve e eu próprio) ficámos muito contente porque até nos foi permitido ter um bocado de chocolate… O cabo é bem mais alto e imponente do que nas fotografias! Faz-nos querer voltar aqui e navegar à volta dos canais da Patagónia” disse Franck Cammas durante a habitual ligação rádio com a sede Groupama às 11:30 GMT.

A conversa com o faroleiro à meia noite

Desde a ilha de Auckland no Sul da Nova Zelândia, que Franck Cammas e os seus Cabo Horners, não tinham visto terra, já para não falar de outras embarcações ou vozes no VHF…

O Ronan teve uma conversa em Português com o faroleiro do Cabo Horn: disse-lhe que tinha vindo de Brest, mas quando lhe disse que já estávamos de volta a Brest o homem não entendeu”. Como tal, seriam meia-noite UTC, quando o Groupama 3 entrou realmente no Oceano Atlântico: “ É uma grande escarpa! Contudo estamos muito contentes por o ter-mos passado, depois de catorze dias de ventos fortes e mares difíceis. Mesmo tendo sido espectacular surfar as ondas de sete metros no Pacífico, é como que uma libertação, depois da alta velocidade que tivemos que manter. A pressão abrandou! Vamos abrir uma garrafa no bar do desporto, esta noite…” acrescentou Steve Ravussin.

Quanto ao terceiro Horner do dia, Bruno Jeanjean, estava também entusiasmado com a rodagem do famoso Horn: “ É uma importante passagem na vida de um marinheiro! As condições eram as ideais para nos permitir vê-lo de perto: é a fronteira final do Oceano Antárctico. Também fará deste último terço da volta ao mundo, uma etapa muito táctica, pois nós não tínhamos muito avanço sobre o tempo de referência ao rodar o cabo. Nós ainda não corremos qualquer risco e estamos contentes com as condições meteorológicas cooperantes. A partir de agora, vamos ter de mostrar do que somos feitos em termos das nossas habilidades, manobras, o nosso tempo ao leme e as nossas decisões na mesa de navegação! Vai ser complicado e de certeza que vai ser uma chegada apertada, mas vai com certeza apimentar a nossa subida do Atlântico.”

O vento está previsto manter-se estável nas próximas horas, assim como moderado, o que é uma mudança em relação às depressões no Pacífico. Os mares já não estão pesados, o Sol está cá fora, as ondas já não encharcam o timoneiro e a tripulação já abriu todas as escotilhas possíveis durante algum tempo para entrar um pouco de ar lá para baixo. No entanto, as temperaturas ainda estão muito baixas nos 50º Sul e Franck Cammas e a sua tripulação ainda terão de esperar mais alguns dias antes de poderem começar a secar as botas e os fatos… Depois da pressão do Pacífico, é tempo de descompressão no Atlântico! Na verdade, os três novos Cabo Horners não estavam nada envergonhados em expressarem a sua satisfação por terem alcançado este terceiro cabo do Troféu Júlio Verne.

No entanto, apesar de o trimaran gigante ainda estar a progredir bem para NE, irá ter que lidar com ventos de frente nos próximos dias. O programa actual é para passar muito ao largo para Oriente das Ilhas Falkland e estender a rota ainda mais para Leste: um desvio que poderá adicionar qualquer coisa com0 1.100 milhas ao percurso entre o Horn e Ushant, em relação à esteira do Orange 2 … Algumas milhas a mais no menu então, mas isso será acompanhado por velocidades médias altas, de cerca de trinta nós, para manter a liderança de cerca de 150 milhas. Estas novidades aparecem novamente como um paradoxo, visto que Bruno Peyron fez uma ascensão muito rápida do Atlântico Sul (8d 05h 35’), até ao equador, beneficiando de boas condições de vento de popa ao longo do Brasil, enquanto que Franck Cammas e os seus homens estão a navegar com as velas folgadas numa brisa moderada… Em última análise, as condições não são tão desfavoráveis como previsto pois que o trimaran gigante parece preferir vento médio e mar flat!

Groupama 3's log (partida a 31, Janeiro às 13h 55' 53'' GMT)
…………
Dia 28 (28, Fevereiro 1400 UTC): 560 milhas (avanço = 517 milhas)
Dia 29 (01,Março 1400 UTC): 434 milhas (avanço = 268 milhas)
Dia 30 (02, Março 1400 UTC): 575 milhas (avanço = 184 milhas)
Dia 31 (03, Março 1400 UTC): 617 milhas (avanço = 291 milhas)
Dia 32 (04, Março 1400 UTC): 492 milhas (avanço= 248 milhas)
Dia 33 (05, Março 1400 UTC): 445 milhas (avanço = 150 milhas)
WSSRC record do equador para equador
Orange 2 (2005): 33d 16h 06'

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